Um transporte púbico ou um pesadelo?
Olha eu aqui falando de acessibilidade novamente, lendo uma matéria que recebi, onde um indiano com deficiência relata suas dificuldades em usar os trens de sua cidade, lembrei-me da primeira vez que tive que usar o transporte ferroviário da minha querida São Paulo, foi no mínimo aterrorizador.
Chegando a estação já me deparei com uma escada enorme, imagina você num grupo de mais ou menos 10 cadeirantes, descartando é logico as outras pessoas que também era deficiente, mas andava, ter que subir aquela escada, sempre que viajamos, somos acompanhada por nossos colaboradores, mas na época, quem nos acompanhavam eram crianças ainda, como atravessar para o outro lado? Não fazia a mínima ideia...
Minhas amigas que já haviam viajado de trem riram quando eu perguntei se teríamos que subir aquelas escadarias, elas disseram que não, que era para eu aguardar que a aventura só estava começando.
Qual não foi a minha surpresa, chega 4 seguranças da estação e entram nos trilhos e perguntam, quem será a primeira a atravessar? Como assim, perguntei, vamos ter que atravessar pela linha? Sim responderam. Minha amiga e eu que éramos novatas na área ficamos estáticas, sem saber se íamos, ou voltávamos para casa, resolvemos vencer os medos e seguir viagem, eu fui a primeira, pois apesar do medo, adorava viver aventuras. Já imaginaram se um daqueles seguranças tropeçassem? Seria grande o desastre, mas conseguimos.
Chegando do outro lado respiramos aliviadas, ufa, estamos inteiras!
Reclamei com minhas amigas por não ter me contado como seria nossa viagem, elas rindo responderam:- Se tivéssemos falado pra vocês duas, com certeza vocês teriam desistido não é? Realmente, eu não teria ido, mas também perderia muitas coisas boas que aconteceram nesse dia.
Agora voltando os dias atuais, as estações continuam do mesmo jeito, nada foi mudada, a única coisa que mudou, quando vamos viajar, nosso grupo faz oficio e encaminha para a ferrovia e eles mudam o lado do embarque das plataformas, deixam um vagão só para nós e mandam funcionários nos acompanhar até a troca de baldeação, o perigo de atravessar as plataformas acabou, mas os perigos do espaço da plataforma ao embarque nos trens continuam, pois os espaços são enormes, isso não é ruim só para nós cadeirantes, mas também para os idosos, crianças, enfim, perigo para todos.
Aí eu pergunto, até quando as barreiras arquitetônicas serão um problema para nós? Até quando terei obstáculos que me impedem ser mais independente? Quero acreditar que tudo isso vai mudar, espero que nossa luta não seja em vão, que as humilhações que muitos já passaram tenha valido a pena, que nosso transporte público possa atingir a todos os usuários.
Que um dia eu possa sair de casa sem medo algum, e viajar por aí sem nenhum constrangimento, mas essa parte conto outro dia...
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